segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O conceito de saúde

Lexicamente, “saúde é o estado do que é são, do que tem as funções orgânicas regulares.”
A Organização Mundial de Saúde elucida que a falta de doença não significa necessariamente um estado de saúde, antes, porém, esta resulta da harmonia de três fatores essen­ciais, a saber: bem-estar psicológico, equilíbrio orgânico e satisfação econômica, assim contribuindo para uma situação saudável do indivíduo.
Num período de transição e mudança brusca da escala dos valores convencionais, com a inevitável irrupção dos excessos geradores da anarquia, a saúde tende a ceder espaço a conflitos emocionais, desordens orgânicas e dificuldades econômicas, propiciando o surgimento de patologias com­plexas no homem.
A sociedade enferma perturba-o, e este, desajustado, pio­ra o estado geral do grupo.
O sentido de dignidade pessoal, nesta situação, é substi­tuído pela astúcia e pelo prazer, proporcionando distonias emocionais que facultam a instalação de enfermidades orgâ­nicas de variada procedência.
Abstraindo-se destas últimas, aquelas que são originadas por germes, bacilos, vírus e traumatismos, multiplicam-se as de ordem psicológica, que se avolumam nos dias atuais.
O homem teima por ignorar-se. Assume atitudes contra­ditórias, vivendo comportamentos estranhos. Prefere deixar que os acontecimentos tenham curso, às vezes, desastroso, a conduzi-los de forma consciente.
Os dias se sucedem, sem que ele dê-se conta das suas responsabilidades ou frua dos seus benefícios em uma atitu­de lúcida, perfeitamente compatível com as conquistas con­temporâneas.
Surpreendido, no entanto, pela doença e pela morte, des­perta assustado, sem haver vivido, estranhando-se a si mes­mo e descobrindo tardiamente que não se conhecia. Foi um estranho, durante toda a existência, inclusive, a ele próprio.
A saúde, entretanto, fá-lo participativo, membro atuante do grupo social, desperto e responsável na luta com que se enriquece de beleza e alegria, assumindo posições de vigor e segurança íntima, que lhe constituem prêmio ao esforço de­senvolvido.
A falta de saúde, que se generaliza, conduz a mente lúci­da a um diagnóstico pessimista, o que não significa ser de­sesperador.
Em tal situação, por falta de outra alternativa, o homem enfrenta a dificuldade, por ser pensante, e altera o quadro, impulsionado ao avanço, a aceitar os desafios.
Deixa de fugir da sua realidade, descobre-se e trabalha para alcançar etapas mais lúcidas no seu desenvolvimento emocional, pessoal.
Quem se resolve, porém, pela submissão autodestrutiva, não merece o envolvimento respeitoso de que todos são cre­dores diante dos combatentes, porqüanto, deixando de inves­tir esforços, abandona a sua dignidade de ser humano e pre­fere o esfacelamento das suas possibilidades como sendo o seu agradável estado de saúde, certamente patológico.
A saúde produz para o bem e para o progresso da socie­dade, sem compaixão pelos mecanismos de evasão e pieguis­mos comportamentais vigentes.
Realizadora, propele a vida para as suas cumeadas e vitó­rias, sem parada nas baixadas desanimadoras.